A Serra
Para mim, os sons das cigarras, da água apressada, do vento que esgrima com as folhas das árvores, são descobertas novas e inocentes.
Para um puto de alcatifa transformado num homem stressadamente citadino (de uma cidade europeia de média dimensão, há quem diga!!!) confrontar os meus pés com ervas secas, as minhas costas com o vento frio da serra, o meu nariz (alérgico como não podia deixar de ser) com cada um dos odores serranos, acabam por ser experiências raras e autênticos banquetes para os meus sentidos.
No agreste de Montemuro senti-me mais perto de mim, mais perto do Mundo mais perto do céu azul...
Quando era miúdo achava um dia passado na serra um verdadeiro martirio, as horas ganhavam a forma dilatada de uma conserva de sardinhas fora do prazo. Hoje cada dia na serra é um luxo, um prémio, um encontro.